sábado, 12 de março de 2022
quarta-feira, 9 de março de 2022
Templo em que se converte o templo
Quando lhe perguntaram quem era
Deu um nome
De onde viera
Outro nome
A que perguntas sabia responder
Não sabia
Mesmo quando respondia
Se tinha querer
Não queria ter
Mas tinha
E imensa tristeza
Cantava
Em pranto
Encantado canto
Estátua de movimento
Arrebatada do vazio
Do templo
Em que se converte
O templo.
terça-feira, 1 de março de 2022
A minha teoria
Os animais, em geral, e o animal humano, em particular, são estruturas físico-químicas em interação com outras estruturas físico-químicas, que
resolvem tudo de um modo físico-químico, mais ou menos ruidoso, mais ou menos conflituoso, ou harmonioso, segundo reações de acomodação, incomodação, satisfação/insatisfação,
que nós constatamos serem efeitos/causas umas das outras, que não estão propriamente sob controlo, embora pela sua natureza nos apareçam como tal. Por exemplo, quando sete cães disputam um
osso, o emaranhado de causas e efeitos que se potenciam e estão por detrás da violência que podemos observar, não é nem mais nem menos descontrolado do que a calma que se segue ao facto de
o osso ter sido devorado. São apenas modos, ou formas físico-químicas de estar. Anular o apetite dos cães para ossos, se resolve algum problema, talvez crie outros.
Os humanos aprenderam que
os interesses e a partilha dos interesses se fazem pela físico-química, nomeadamente pela coacção e pela violência e que o exercício destas constitui a parte não menos importante
da organização social.
É efectivamente o resultado natural de escolhas que não podem deixar de ser feitas, num quadro de possibilidades, reais ou imaginárias, subjectivas, intersubjectivas,
ou objectivas, segundo critérios racionais de dever-ser.
Esta é a minha teoria, que julgo ser aplicável, aliás, a todo o tipo de acção, desde o pensamento mais simples, até
à conclusão científica, passando pelo juízo estético, ético ou moral.
A parte não menos interessante desta teoria, na minha óptica, é que ela considera a
escolha como a melhor (mesmo não sendo boa) e conduz a pensar, em geral, que, mesmo quando opta pela violência, o ser humano o faz na perspectiva de melhor.
Assim sendo, a humanidade, se não se aniquilar,
vai progredir inelutavelmente, até por força da natureza do determinismo físico-químico, que não tem outro modo de ser.
sábado, 19 de fevereiro de 2022
Dar certo
Não digas que nada dá certo
Se com esta certeza nada podes
E se puderes
O mais certo é não o ser.
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022
O dinheiro do diabo
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022
O modo como o objecto molda o sujeito
domingo, 30 de janeiro de 2022
Subjectivo/Objectivo
quinta-feira, 27 de janeiro de 2022
A arte e a crítica (da arte)
Ninguém critica a pedra por ser o que é, ou a nuvem, ou o mar. Ninguém faz pensamento crítico das aves ou dos peixes. Ninguém tem sentido crítico das coisas que não são obra humana. As ciências da natureza, a física e a química e a mineralogia e a biologia...não têm uma palavra crítica sobre as coisas que estudam.
A crítica, o pensamento crítico, é sobre o humano cultural, sobre a produção cultural humana, a acção, incluindo a acção de manifestar pensamentos e ideias e sentimentos.
Mas a crítica também pode ser exercida, por exemplo, sobre os deuses, ou sobre Deus, por aqueles que acreditam na sua autoria de algo, ou de tudo.
A crítica é, assim, uma função, ou faculdade humana muito curiosa.
E é, das acções humanas, a que está, talvez, mais sujeita a crítica.
Não obstante, as obras de arte, que tanta crítica suscitam, em si mesmas, enquanto meras obras, não me parece que forneçam razões para serem criticadas. Se o são, talvez não seja por serem obras de arte, mas por aquilo que se diz delas, ou que elas dizem.