O homem é o problema e não tem sido capaz de uma solução. A cada pergunta que é capaz de fazer (quando faz) pede respostas (quando pede) que não existem e que vai sendo capaz de construir (quando é) a partir daquilo que conhece (quando conhece) por experiência (quantas vezes enganosa, veja-se os movimentos da lua e do sol, tão semelhantes e tão indutores em erro), mas sempre fundamental (há realidades que não seríamos capazes de deduzir, por ex., se não conhecêssemos a água, mesmo que conhecêssemos o hidrogénio e o oxigénio, como deduzir a água?), por experimentação (experiência e experimentação são muito diferentes, há coisas que a experiência não permite conhecer mas a que se pode chegar por experimentação) e, sem dúvida, aquilo que conhecemos por exercícios de dedução e de indução, numa actividade permanente (e involuntária a maior parte do tempo) do nosso cérebro que, tal como o nosso coração e os nossos pulmões, não depende de nós, da nossa vontade...Ou seja, o "eu", que nos distingue uns dos outros, é uma espécie de "sistema de coordenadas" que, quando sente, ou quando se põe a sentir, sofre e não encontra sentido para o sofrimento...Se não exprimíssemos o pensamento, pareceríamos iguais e, se não exprimíssemos o sentimento, mais iguais ainda.
Em qualquer caso, os problemas são nossos, criados por nós.
Os problemas sobre a nossa identidade fazem todo o sentido, para nós, no âmbito cosmológico e metafísico.
Os problemas sobre a nossa vulnerabilidade são mais de âmbito biológico.
Todos partilhamos estes, mas nem todos partilham aqueles e, seguramente, poucos têm ou partilham as respostas e as soluções a uns e a outros.
segunda-feira, 6 de abril de 2020
sábado, 4 de abril de 2020
quarta-feira, 1 de abril de 2020
Um homem sem fé e sem religião
Não acredito que Deus tenha comunicado com aqueles que disseram que "sim, subimos ao monte e ele falou connosco, porque somos especiais, mais ninguém tem esse privilégio..." e que, com base nisso, falaram e/ou escreveram em nome de Deus.
As religiões que tiveram um grande sucesso, com base nisso, são uma ousadia política que funcionou, apesar de tudo, mas isso é colateral ao facto de serem falsas.
Se acredito que existe Deus, sem saber o que isso seja, é no que está por detrás, oculto, que manobra, o relojoeiro que fez o relógio.
Mas não compreendo por que é que ele não diz nada e nunca se manifesta a favor de nada, ou contra nada.
E, assim, não acredito no Deus das religiões, não acredito que a palavra que dizem ser de Deus seja a palavra de Deus.
Deus não tem palavra. E não me venham com a Arca da Aliança.
Acredito num Deus que não conheço e que não comunica com a humanidade, mas que tem todo o poder e todo o saber, ignorando nós porque não os usa da forma que nós compreenderíamos.
É estranho, tão estranho, que não acho racional crer que exista.
Sou, assim, um homem sem fé e sem religião.
As religiões que tiveram um grande sucesso, com base nisso, são uma ousadia política que funcionou, apesar de tudo, mas isso é colateral ao facto de serem falsas.
Se acredito que existe Deus, sem saber o que isso seja, é no que está por detrás, oculto, que manobra, o relojoeiro que fez o relógio.
Mas não compreendo por que é que ele não diz nada e nunca se manifesta a favor de nada, ou contra nada.
E, assim, não acredito no Deus das religiões, não acredito que a palavra que dizem ser de Deus seja a palavra de Deus.
Deus não tem palavra. E não me venham com a Arca da Aliança.
Acredito num Deus que não conheço e que não comunica com a humanidade, mas que tem todo o poder e todo o saber, ignorando nós porque não os usa da forma que nós compreenderíamos.
É estranho, tão estranho, que não acho racional crer que exista.
Sou, assim, um homem sem fé e sem religião.
sábado, 28 de março de 2020
Aquilo em que as sociedades humanas apostam em transformar as pessoas.
Se me dessem a escolher (se me fosse dado ou me tivessem dado a escolher), se houvesse verdadeiras alternativas à cultura da civilização à força,
da liberdade de modelo único de organização política e económica e religiosa (todas as religiões são iguais, todos os partidos são iguais, todas as escolas são
iguais...) eu teria escolhido não ter nada disso, teria escolhido ser selvagem e é a dor e a tristeza irremediável de nunca o ter podido ser, de me terem roubado a liberdade, de me terem sequestrado e
raptado para as teias e para as celas e para os relógios e para os grilhões dos guardas omnipresentes, completamente domado, como um burro, ou um escravo, que ainda é acusado de ser escravo de si mesmo,
obrigado a assistir ao filme interminável do seu triste filme, como se a sobrevivência fosse uma epopeia gloriosa, não sua, mas dessa tal civilização à força, que preconiza a
liberdade... é a dor e a tristeza de nunca ter podido ser selvagem, dizia, que me impede de acreditar naquilo em que as sociedades humanas apostam em transformar as pessoas.
segunda-feira, 23 de março de 2020
As equações e o sinal =
A discussão sobre o conhecimento e sobre a linguagem, sobre as humanidades, as artes, as expressões, as ciências...não
pode ignorar a ciência feita sobre essa mesma discussão e que é uma vasta filosofia, no melhor sentido da palavra, considerando as duas vertentes privilegiadas de produção de conhecimento,
a dedução, a partir do que se conhece e a indução, partindo de hipóteses...
As equações são um bom ponto de partida para pensarmos na consistência dos nossos
conhecimentos, sejam eles mais matemáticos ou menos.
No fundo, estamos constantemente a equacionar e a procurar resolver equações.
Neste pormenor, o que me parece distinguir mais as ciências, o conhecimento
científico, das outras modalidades de conhecimento, competências, respostas, comportamentos, é sobretudo o modo e a linguagem em que equacionam os problemas e o modo e a linguagem em que resolvem, quando
resolvem, as equações.
Todos nós passamos os dias a equacionar e a resolver equações e deitamo-nos com as equações, acordamos com elas e não nos livramos delas.
Todos nós passamos os dias a equacionar e a resolver equações e deitamo-nos com as equações, acordamos com elas e não nos livramos delas.
Quando resolvemos umas, logo emergem outras e isto tanto acontece na música, como nas línguas, como na pintura, na moral, ou na religião...
Na matemática, as equações, tanto quanto sei, são da ordem numérica, do mais, do menos, da multiplicação, da divisão, da proporção, da progressão, regressão, finito, infinito, etc., e o significado, muitas vezes, depende de algum atributo dos números, como, por exemplo, "3000 mortos", em que mortos é decisivo no significado.
Na matemática, as equações, tanto quanto sei, são da ordem numérica, do mais, do menos, da multiplicação, da divisão, da proporção, da progressão, regressão, finito, infinito, etc., e o significado, muitas vezes, depende de algum atributo dos números, como, por exemplo, "3000 mortos", em que mortos é decisivo no significado.
sexta-feira, 20 de março de 2020
Entrincheirados
Nas últimas semanas, à defesa do covid.19, nesta guerra de trincheiras, que muitos dariam por ultrapassada, sobretudo depois do imenso sucesso do poder militar aéreo,
o inimigo é mais insidioso e diabólico do que nunca.
É um inimigo que faz parar os aviões e guardar os mísseis e todos os arsenais de torpedeiros e manda as pessoas para os abrigos, mesmo sem bombardeamentos, submissas e abatidas.
É um inimigo que faz parar os aviões e guardar os mísseis e todos os arsenais de torpedeiros e manda as pessoas para os abrigos, mesmo sem bombardeamentos, submissas e abatidas.
Em vez de activar a economia, numa corrida para as fábricas de armamento, tanques e equipamentos...para-a, afunda-a.
Em vez de obrigar a mobilizar tropa rija e violenta, obriga a cuidados paliativos e, tragédia das tragédias para quem é senhor da guerra, é um inimigo que
escolhe o campo de batalha e as armas e move-se à vontade, ataca em qualquer lugar, a qualquer hora, invisível aos radares e sem estrondo, inexpugnável e impune.
Um inimigo cobarde. Um terrorista da pior espécie. Desconhecido. Destituído de intenções. Um facto e não actos. Ao contrário de uma guerra.
Guerra é o que vamos ter de lhe mover. Guerra é coisa de humanos.
sexta-feira, 13 de março de 2020
Ainda podes ser acusado de não teres nada
Na realidade, o problema da burocracia, da corrupção, do nepotismo, dos compadrios, dos complôs, das arbitrariedades do poder e todo o tipo de abuso, é que, apesar das queixas gritantes e embora plenas de razão, os cidadãos não são tidos em conta senão para obedecer, trabalhar, votar e respeitar a estrutura política que são obrigados a pagar, sem escolha.
E quando alguém apresenta alternativas e soluções para os problemas é visto e considerado como uma ameaça. Logo tratam de ignorar ou desdenhar para não terem de reconhecer que muito pode e deve ser feito para bem de todos (excepto daqueles que deixariam de ter as vantagens que indevidamente têm).
Não falta quem seja capaz de revolucionar com melhores leis e procedimentos e práticas. Não falta quem tenha competência para fazer melhor do que aquilo a que temos assistido (pior era difícil).
O problema, insisto, é que ter razão é pouco e pode ser nada.
Aqueles de quem nos queixamos, com razão, não têm razão mas têm e fazem o que querem.
Os outros, aqueles que têm alternativas e soluções, com razão, só têm isso, não têm o poder.
E podem até estar cansados de ter razão, ao ponto de já não terem vontade, nem determinação para a acção.
É preocupante e alarmante que o poder da razão continue a ser vilmente (para não dizer democraticamente) derrotado e suplantado pelas razões da força.
Mesmo quando tens razão, se não tiveres algo mais, ainda podes ser acusado de não teres nada.
E quando alguém apresenta alternativas e soluções para os problemas é visto e considerado como uma ameaça. Logo tratam de ignorar ou desdenhar para não terem de reconhecer que muito pode e deve ser feito para bem de todos (excepto daqueles que deixariam de ter as vantagens que indevidamente têm).
Não falta quem seja capaz de revolucionar com melhores leis e procedimentos e práticas. Não falta quem tenha competência para fazer melhor do que aquilo a que temos assistido (pior era difícil).
O problema, insisto, é que ter razão é pouco e pode ser nada.
Aqueles de quem nos queixamos, com razão, não têm razão mas têm e fazem o que querem.
Os outros, aqueles que têm alternativas e soluções, com razão, só têm isso, não têm o poder.
E podem até estar cansados de ter razão, ao ponto de já não terem vontade, nem determinação para a acção.
É preocupante e alarmante que o poder da razão continue a ser vilmente (para não dizer democraticamente) derrotado e suplantado pelas razões da força.
Mesmo quando tens razão, se não tiveres algo mais, ainda podes ser acusado de não teres nada.
quinta-feira, 5 de março de 2020
O que são direitos? Sentem-lhes o cheiro?
"Quando concretizamos direitos, damos um sentido à tragédia humana e à nossa própria existência!
O direito e a arte são as únicas evidências de que a odisseia terrena teve algum significado!”
Não resisti a publicitar este texto da Juíza Federal Raquel Domingues do Amaral.
O direito e a arte são as únicas evidências de que a odisseia terrena teve algum significado!”
Não resisti a publicitar este texto da Juíza Federal Raquel Domingues do Amaral.
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