Os velhos e
velhinhas
a gente sem abrigo
que pede
pelas alminhas
vive
como castigo
e
dos colos carregados
das lantejoulas
dos cenhos carregados
das angústias
dos peões
da soberba pachorra
de esperar
remédio
da virtude paciência
e
há sempre
muito ruído
muito brilho
muita cor
ladrões
à paisana
e polícias
nas esquinas
prostituição
a disputar a
sensualidade
que há em tudo
e
a despesa de viver
o pecado
fechar os olhos
para ignorar
a bomba
que vai explodir
e
tanto filho da mãe
que anda a fugir
sem descanso
que não suporta a luz
nem a própria sombra
tanta faca
escondida
deve haver
além de mulheres
algures
ilícitas de tão
carnais
amores imperfeitos
de tão legais
e
o livro da história
que não cessa
nem há tempo para ler
até numa
biblioteca
ninguém sabe morrer.
ninguém sabe morrer.
1 comentário:
Cenários de todos os dias e em todas as ruas das nossas cidades.
Depois os políticos passam fingindo não ver as misérias humanas espalhadas como lixo nos cantos onde coabitam com a fome e as doenças...
Estes poemas «gritos» são cada vez mais urgentes.
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